Wilson Marini – Rede APJ
Sob o impacto da pandemia da covid-19, a economia dá sinais de que o interior tende a ampliar a sua participação no potencial de consumo total do país. Ao mesmo tempo, as capitais, a exemplo do que havia sido constatado em 2019, seguirão perdendo espaço no mercado. Traduzindo em números, enquanto as capitais responderão em 2020 por 28,29% do total, e as cidades das regiões metropolitanas por 16,9%, o interior avançará com 54,8%, segundo a previsão do estudo IPC Maps 2020, especializado no cálculo de índices de potencial de consumo nacional com base em dados oficiais. A projeção favorável ao interior foi confirmada à coluna Contexto Paulista pelo responsável pela pesquisa, Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora. O relatório abrange 2 itens em áreas como alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário e educação.
Destaques regionais
Segundo o levantamento, o desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a 38,7% do total (ou R$ 1,759 trilhão) de tudo o que é consumido no território nacional. No ranking dos municípios, os principais mercados permanecem sendo, em ordem decrescente, São Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Brasília, que recuperou a 3ª posição, deixando Belo Horizonte atrás. Curitiba sobe para o 5º lugar, ultrapassando Salvador. Na sequência, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus e Goiânia — esta em 10º —, ocupam os mesmos lugares de 2019. Cidades metropolitanas ou interioranas como Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (18º), São Bernardo do Campo (19º) e São José dos Campos (21º), no Estado de São Paulo, se sobressaem nessa seleção. Fazem parte ainda do ranking Santo André (22º), Osasco (25º), Sorocaba (35º), Santos (38º), Jundiaí (43º), São José do Rio Preto (44º) e Mogi das Cruzes (49º). Outros polos do Interior Paulista integram o ranking dos 100 maiores brasileiros, como Piracicaba, Bauru, Franca, Limeira, Americana e São Carlos, além de municípios do ABC (Mauá e Diadema).
Volta ao passado
A estimativa é de uma movimentação este ano de aproximadamente R$ 4,465 trilhões na economia. No início de março, antes do cenário de pandemia e isolamento social, a previsão do PIB para 2020, conforme o Boletim Focus do Banco Central, era de +2,17%, o que resultaria numa projeção do consumo brasileiro da ordem de R$ 4,9 trilhões, superando os R$ 4,7 trilhões obtidos no ano passado. Com a redução da expectativa de consumo, o país voltará aos patamares de 2010 e 2012.
País urbano
O Brasil possui mais de 211,7 milhões de cidadãos, sendo 179,5 milhões na área urbana, que respondem pelo consumo per capita de R$ 23.091,50, contra os R$ 9.916,75 gastos individualmente pela população rural.
Classe B2 lidera
Segundo a IPC Marketing, neste ano a classe B2 lidera o cenário de consumo, representando mais de R$ 1 trilhão dos gastos. Junto à B1, ambas estão presentes em 20,9% dos domicílios, sendo responsáveis por 41,1% (R$ 1,7 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Isso se deve à migração da classe alta para os demais estratos. Representando apenas 2,1% das famílias, o grupo A reduzirá seus gastos para R$ 528,6 bilhões (12,8%, contra 13,68% do ano passado). Da mesma forma, para quase metade dos domicílios (48,7%) caracterizados como classe C, o total de recursos gastos cai para R$ 1,475 trilhão (35,6% ante 37,5% em 2019). A classe D/E, que ocupa 28,3% das residências, consumirá R$ 437,9 bilhões (10,6%).
Perfil empresarial
Houve declínio de 13% no número de empresas instaladas no Brasil em 12 meses, totalizando atualmente 20.399.727 unidades. Desse montante, mais da metade (10,6 milhões) tem atividades relacionadas ao segmento de serviços. Os setores de comércio respondem por 5,7 milhões; indústrias, 3,3 milhões, e agribusiness, 703 mil estabelecimentos. A região Sudeste concentra 51,98% das empresas nacionais.
Hábitos de consumo
A pesquisa IPC Maps detalha aonde os consumidores gastam sua renda. Os itens básicos aparecem com grande vantagem sobre os demais, conforme a seguir: 25,6% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,1% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc); 14,1% vão para alimentação (no domicílio e fora); 13,1% a transportes e veículo próprio; 6,6% são medicamentos e saúde; 3,7% materiais de construção; 3,4% educação; 3,4% vestuário e calçados; 3,3% recreação, cultura e viagens; 3,3% em higiene pessoal; 1,5% eletroeletrônicos; 1,5% móveis e artigos do lar; 1,1% bebidas; 0,5% artigos de limpeza; 0,4% fumo; e 0,2% referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.
Faixas etárias
Em crescimento, a população de idosos superará a margem de 30 milhões em 2020. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 128 milhões, o que representa 60,5% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vem perdendo presença e somam 24,1 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguem a média de 29,4 milhões.
Na Assembleia Legislativa
Por unanimidade, o deputado estadual Carlos Cezar (PSB) foi eleito nesta terça-feira (16/6) presidente da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia Legislativa. A comissão tem o objetivo de debater e propor soluções para os problemas das cidades e regiões metropolitanas do Estado de São Paulo.