Contexto Paulista: Liderança de mercado do Interior Paulista é “irreversível”, diz IPC

Wilson Marini

O Interior Paulista movimentará R$ 681,4 bilhões em alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário, educação e outros itens em 2019. O dado confirma a posição do Interior Paulista como o maior mercado consumidor do País, à frente da Região Metropolitana de São Paulo. Quem projeta esse número é a empresa de consultoria IPC Marketing e Editora. Em entrevista exclusiva à APJ (Associação Paulista de Portais e Jornais), o responsável pelo estudo IPC Maps, Marcos Pazzini, diz que com base nesses dados a posição de liderança do Interior Paulista “é irreversível” perante os demais mercados. São considerados nesta análise a posição atual das regiões paulistas, as tendências demográficas e da economia no País e a realidade “caótica” das regiões metropolitanas que favorece a expansão da economia de forma descentralizada, favorecendo as áreas emergentes do Estado.

Fatia do bolo ampliada

De acordo com o levantamento, nos últimos cinco anos a participação do Interior de São Paulo aumentou significativamente, passando de 49,78% do consumo total do Estado de São Paulo em 2014 para 53,24% em 2019. Este ano, o Interior de São Paulo será responsável por 14,54% de todo consumo nacional. Com essa participação, consolida-se como o maior mercado consumidor do país. Por sua vez, a Região Metropolitana de São Paulo será responsável por 12,77% do consumo nacional.

O estudo

A IPC Marketing Editora edita anualmente o estudo IPC Maps, que traz informações detalhadas do potencial de consumo da população brasileira, detalhado por classe econômica e em 22 categorias de consumo para cada um dos 5.570 municípios brasileiros. Os clientes adquirem o estudo para estudos de expansão, de novos investimentos, de definição de metas de vendas e para realizar estudos de mídia pelas agências de propaganda.

Mercados regionais

A IPC Marketing considera como Interior Paulista todos os 606 municípios do Interior e do Litoral de São Paulo que não pertencem à Região Metropolitana de São Paulo. Esta é composta pela capital e outros 38 municípios de forte base econômica, como o Grande ABC, Osasco e o Alto Tietê (Mogi das Cruzes), entre outros. A população do Interior totaliza 24.199.651 habitantes, que ocupam 8.274,093 domicílios. O Interior Paulista concentra 3.641.175 empresas de todos os segmentos e portes, incluindo microempresas e microempreendedores individuais. Desse total, 518.725 empresas são Indústrias, 1.580.455 empresas de serviços, 547.357 agribusiness e 994.638 empresas da área de comércio. O Interior Paulista possui 15.985.206 veículos registrados de todos os tipos e anos.

Atração de empresas

Com a previsão de 53,2% no consumo do Estado de São Paulo, o Interior Paulista demonstra que continua crescente a sua participação no consumo estadual e nacional, segundo Pazzini. “Ainda há espaço para crescimento do potencial de consumo do Interior em relação ao Estado”, diz ele. “Isso deve ocorrer com abertura de uma quantidade maior de empresas no Interior, pois muitas cidades implementaram ou estão implementando zonas industriais para atrair empresas, o que deve gerar mais empregos e mais renda para a população do Interior Paulista. Mais empregos e mais renda geram potencial de consumo maior”.

“Irreversível”

Em sua opinião, o espaço de liderança do Interior Paulista está consolidado em relação a outros mercados. “Os grandes centros metropolitanos estão caóticos em termos de infraestrutura, trânsito, valores de metro quadrado altos etc. O espaço ocupado pelo Interior Paulista, na minha opinião, é irreversível”.

Conjuntura favorável

Que conjuntura levou ao crescimento de consumo e a posição do Interior à frente dos demais mercados?  Na opinião de Pazzini, o processo se iniciou com a transferência de empresas dos grandes centros metropolitanos para o Interior Paulista, graças ao trabalho feito em várias cidades, oferecendo áreas industriais, cessão de terrenos e isenção de impostos, entre outros incentivos oficiais. “Esse movimento resultou na maior abertura de empresas nos municípios do Interior, o que gerou mais empregos, mais renda e mais dinheiro de potencial de consumo”, afirma. “Quando as empresas que comercializam produtos e serviços para a população perceberam esse aumento de potencial de consumo nos municípios do Interior Paulista, passaram a abrir filiais para atender de forma adequada essa demanda de consumo e daí o círculo virtuoso de consumo já estava formado”.

Centros mais distantes

Memo os polos regionais que ainda não se destacam nesse contexto, por estarem mais distantes da capital e/ou com menos população, também apresentam sinais de crescimento e tendem a se tornar centros regionais relevantes no Estado, segundo Pazzini. “É possível isso acontecer nesses próximos anos, mas o sucesso vai depender do trabalho feito em termos de atração de empresas para o município”, ressalva.