Wilson Marini – Rede APJ
A década dos anos 2020 começou de forma desruptiva. Especialistas apontam diversas mudanças globais profundas, não necessariamente associadas à pandemia do novo coronavírus. Ao longo dos próximos dez anos, a China se manterá como grande importador de grãos, com destaque para soja, milho, trigo e arroz, além de açúcar e os produtos de origem animal, como carne bovina, suína e de frango. Outros produtos como frutas, ovos, lácteos e pescados também poderão gerar oportunidades para o agronegócio brasileiro, que mesmo em tempo de crise sanitária e econômica, vai indo bem, obrigado. A futurologia do agronegócio mundial emanou de Pequim após a realização recentemente da sétima edição de sua conferência sobre as perspectivas agrícolas para o país, que projetaram suas necessidades para a década. O encontro foi transmitido ao vivo. O relatório China Agricultural Outlook 2020-2029 posiciona o país asiático como o maior importador de alimentos do mundo. “A China não é um mercado simples”, afirma José Mario Antunes, diretor do escritório da agência InvestSP (ligada ao governo estadual) em Xangai. “O relacionamento próximo com os importadores e também com o governo é um fator determinante para o sucesso das empresas que queiram entrar nesse mercado ou ampliar sua presença”.
Escalada da soja
Segundo divulgou a InvestSP, a China tem no Brasil seu principal fornecedor de soja. Das 88,6 milhões de toneladas importadas em 2019, cerca de 65% foram provenientes de produtores brasileiros. Para a próxima década, os chineses se manterão como os maiores importadores de soja do mundo, com uma taxa média anual de crescimento próxima a 1%, podendo se aproximar de 100 milhões de toneladas importadas em 2029, segundo as projeções. Se confirmado, o volume representaria um incremento próximo a 13% nas compras chinesas de soja.
Milho disputa território
No caso do milho, diante do aumento significativo da produção brasileira e dos atuais patamares da taxa de câmbio, o produto nacional talvez passe a ser mais competitivo no mercado chinês, apesar de o Brasil ainda não aparecer como fornecedor relevante. Pequim tem buscado garantir seu abastecimento na Ucrânia.
Suínos e frangos
Para as importações de carne suína e de frango, existem dois cenários distintos. Em 2020, a China dele elevar em mais de 30% suas importações de suínos e alcançar 2,8 milhões de toneladas, ainda como reflexo da crise da peste suína africana que atingiu o país a partir de 2018. Mas, segundo o relatório, a China tende a recuperar ao longo dos próximos anos a sua produção doméstica, reduzindo assim a necessidade de importações. Em relação aos frangos, o cenário é semelhante. No ano passado as importações da China chegaram a 779 mil toneladas, um crescimento de 55% em comparação a 2018. Para 2020, a perspectiva é que as compras alcancem 860 mil toneladas, o que representará um incremento de 10,4% sobre 2019, mas ao longo dos próximos anos, a necessidade chinesa por importações poderá cair. De qualquer maneira, a China continuará sendo um parceiro comercial, chegando em 2029 com compra de 1,95 milhão de toneladas de carne suína e de 590 mil toneladas de carne de frango.
Frase
“Elaboramos para nossos associados um sumário executivo sobre o relatório final do governo chinês. Nele detalhamos ponto a ponto a demanda de cada um dos produtos agrícolas e apresentamos um cenário de como o Brasil pode aproveitar as oportunidades que já são ou ainda serão geradas para o agronegócio nacional”, afirma Antunes.
O turismo estadual após a pandemia
Representantes de 37 das 49 regiões turísticas do Estado de São Paulo, que reúnem 354 municípios, se reuniram recentemente para definir e estruturar um plano estratégico de desenvolvimento do segmento para o período pós-pandemia da covid-19. O encontro virtual foi convocado pela Secretaria Estadual de Turismo. Cinco temas foram abordados: Planejamento e Gestão da Retomada, Governança Participativa e Colaborativa, Inteligência Turística e Inovação, Fortalecimento Regional e Local do Turismo e Marketing Turístico. Encontro semelhante foi agendado com empresários do setor.
Frase
“A participação das regiões turísticas é importante para a consolidação desse plano com ações de curto, médio e longo prazo, uma vez que o turismo hoje está parado”, disse Marcelo Costa, secretário executivo da pasta estadual.
Conhecendo o Estado
Os representantes regionais acreditam que as primeiras viagens, na volta à normalidade, serão dos próprios paulistas e paulistanos, que ainda não consomem o turismo no Estado, por períodos curtos de até três dias. Isso deve provocar alterações na forma como é comercializado o turismo regional, com divulgação para o mercado de agentes de viagens e operadores de turismo, além de intercâmbios entre as atrações das próprias 49 regiões. União, organização, inovação, novas perspectivas e principalmente, segurança, foram alguns dos aspectos destacados. O cuidado para a recepção e hospedagem dos turistas, assim como a promoção dos destinos por meio de ferramentas digitais podem fazer com que o retorno seja mais rápido.