Contexto Paulista: Biodiversidade é essencial no controle de pandemias

Wilson Marini – Rede APJ 

O fornecimento de água e a regulação climática, entre outros desafios ligados à natureza, são duas pautas ambientalistas que serão cruciais daqui para frente não só para evitar crises econômicas desencadeadas por novas pandemias como para superar a atual gerada pelo novo coronavírus. Na opinião de especialistas ambientais, é preciso sobretudo valorizar a biodiversidade. O assunto aflorou em seminário online denominado “Biodiversidade, crise climática, economias e pandemias”, que reuniu cientistas brasileiros.

Impactos nos biomas

Segundo os participantes do encontro, a produção em larga escala de alimentos, fibras têxteis e madeira, entre outros itens, tem provocado a expansão de áreas de cultivo agrícola e de pastagem em direção a áreas naturais em biomas brasileiros como a Amazônia. Além de possuírem uma grande diversidade de animais, plantas e microrganismos, essas áreas de floresta estocam carbono e são reservatórios de vírus, bactérias e outros microrganismos presentes em espécies selvagens de animais e com potencial de serem transmitidos para o ser humano, como ocorreu com o SARS-CoV-2, causador da covid-19. A Amazônia é considerada região potencial para o aparecimento de novas pandemias, a exemplo do que aconteceu na China com o novo coronavírus.

Alerta da ciência

O que os cientistas alertam é que a destruição dessas áreas naturais causa a perda de biodiversidade e os chamados serviços ecossistêmicos, agrava a crise climática e aumenta o risco de novas pandemias. Está claro que a escolha de consumo que fazemos hoje de alimentos, roupas ou utensílios domésticos tem implicações diretas na conservação ou destruição de áreas naturais e no risco de novas pandemias, afirmou a pesquisadora Cristiana Seixas, professora da Unicamp. “Em geral, os serviços ecossistêmicos, que são gerados pela interação de animais, plantas, fungos e microrganismos, não são contabilizados nos custos de produção”, salientou a pesquisadora.

Desenvolvimento sustentável 

Uma das conclusões é que para desacelerar a perda de áreas naturais, minimizar as mudanças climáticas e favorecer o desenvolvimento sustentável em longo prazo, será preciso promover mudanças em políticas públicas, nos padrões de consumo e investir em novos modelos de produção agropecuária. Será preciso também evitar a poluição ambiental e investir na produção de energia renovável, saneamento básico e tratamento de efluentes. 

Destruição sem precedentes

O brasileiro Eduardo Brondizio, professor da Indiana University (EUA), foi um dos coordenadores de avaliação global da biodiversidade publicada em 2019 pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. O relatório indicou que a extinção de espécies de plantas e de animais tem ocorrido em uma escala sem precedentes e anteviu a possibilidade de surgir uma pandemia. O relatório mostrou que progressivamente estamos erodindo a fundação mais básica da nossa economia, que garante a saúde, segurança alimentar, disponibilidade de água e o bem-estar humano, que é a biodiversidade, disse Brondizio.

Frase

“É fundamental a compreensão de que a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico não são processos antagônicos, mas interdependentes. Desenvolvimento não é viável sem uma base de sustentação dos processos naturais que geram os serviços ecossistêmicos, também conhecidos como contribuição da natureza para o bem-estar humano” – Cristiana Seixas, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Solidariedade paulista

O governo paulista divulgou que já chega a R$ 717 milhões a arrecadação total de doações da iniciativa privada para aplicação em programas de combate à covid-19. O montante foi obtido junto a 362 empresas. 

Confiança em alta

O Índice de Confiança Empresarial (ICE), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu 9,8 pontos de abril para maio deste ano. Com isso, o indicador chegou a 65,5 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos, recuperando 24% da queda ocorrida no bimestre março-abril devido à pandemia.

Virar o jogo

Na busca de encontrar soluções para os negócios durante a pandemia, três empresários lançaram no fim de abril um movimento para troca de experiências. Em 30 dias, o #VamosVirarOJogo atraiu 453 empresas e associações. Nosso objetivo é estimular a troca de experiências e o compartilhamento de iniciativas que estão dando certo durante a pandemia, afirma o presidente do grupo Empreenda, César Souza, idealizador do movimento. 

Apoio religioso

A Assembleia Legislativa discute esta semana proposta que possibilita a visita de religiosos a pacientes de covid-19 internados em hospitais públicos. Pela proposta, os hospitais deverão adotar medidas necessárias para que essas visitas sejam realizadas. Na impossibilidade da visita familiar ou religiosa, deverão disponibilizar aparelhos eletrônicos com acesso à internet para que o paciente possa ser assistido por capelania hospitalar.

Fé que cura

Pesquisa realizada pelo professor de epidemiologia Tyler J. VanderWeele, da Universidade de Harvard (EUA) revelou que ir ao menos uma vez por semana a uma igreja pode reduzir a mortalidade de 20% a 30% em um período de até 15 anos.