Contexto Paulista: Pacote de investimentos de inovação impulsiona “rota paulista verde”

Wilson Marini – Rede APJ
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Esta coluna da Associação Paulista de Portais e Jornais (APJ) é publicada por 14 líderes de prestígio regional com circulação no Estado de São Paulo.

Está em gestação no governo do Estado a criação de uma rota paulista verde por meio da viabilização de projetos com foco na descarbonização das cadeias produtivas de produção e exportação. Uma medida nesse sentido foi anunciada nesta quinta-feira (22/6), através de um pacote que prevê crédito de R$ 500 milhões para o financiamento público de inovação na área. A iniciativa foi uma das novidades anunciadas durante o Seminário “Hidrogênio de Baixo Carbono – São Paulo no Caminho do Net Zero”, organizado na capital. Segundo divulgado pela agência Desenvolve SP, o crédito será direcionado para startups de inovação tecnológica alinhadas à descarbonização, assim como para programas estaduais e municipais (das prefeituras) voltados à transição energética, além do fomento a projetos de produção de biogás, a partir de resíduos agrícolas, especialmente os oriundos do setor sucroenergético, o chamado “Pré-Sal Caipira”.

Programa ProVeículo Verde
O pacote também contempla o ProVeículo Verde, programa de incentivo voltado aos fabricantes de veículos automotores que apresentem projetos com menor pegada de carbono. A cadeia industrial associada à produção tem permissão para usar o crédito acumulado do ICMS apropriado até 31 de dezembro de 2024. São veículos e máquinas híbridos convencionais, híbridos plug-in, elétricos a bateria, elétricos a célula de combustível, veículos e máquinas exclusivamente movidos a biocombustíveis, a hidrogênio e a outras fontes de energia renovável.

Energia 2050
Em paralelo, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística lançou o Plano Estadual de Energia 2050, com diretrizes para o incentivo a projetos de transição energética e à redução de emissões de gases de efeito estufa no Estado. Nessa área, a InvestSP, a agência de promoção de investimentos do Estado, identificou 21 projetos, somando R$ 16,8 bilhões em investimentos privados. O governo paulista definiu a transição energética e a descarbonização da economia, ou seja, a substituição de fontes de emissão de gás carbônico, como trilhas de desenvolvimento prioritárias para o Estado.

Carros híbridos
Alguns exemplos de inovação que contribuem para essa mudança são a produção de carros que utilizam motores híbridos como alternativa sustentável à gasolina e construção ou reforma de fábricas e usinas que gerem energia a partir de fontes sustentáveis, como bagaço de cana ou resíduos sólidos urbanos. Estes somam R$ 4,8 bilhões nas áreas de infraestrutura, indústria e material de construção.

Carbono líquido zero
Os projetos visam resolver problemas dos setores identificados com altos índices de emissão de gases de efeito estufa, que, no caso do Estado de São Paulo, são transportes, energia e resíduos. O Estado tem o compromisso de alcançar, até 2050, a meta de carbono líquido zero. Isso significa que todas as emissões de gases de efeito estufa que ocorram no território paulista devem ser integralmente compensadas por processos que removam CO2 da atmosfera.

Perfil dos projetos
Quatro projetos estão ligados à produção de álcool e açúcar. Um deles, da Alcoeste Bioenergia, vai ampliar a produção de álcool em Fernandópolis. A Raízen Energia vai construir duas unidades de geração de bioetanol para expandir a planta de Cogeração de Energia em Morro Agudo e Andradina. A usina Cruz Alta vai inaugurar uma usina de biogás e ampliar a planta de cogeração de energia a partir do bagaço de cana em Olímpia. Na área de geração de energia, a Sun Mobi vai construir uma usina fotovoltaica com energia solar em Taubaté e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia vai modernizar três pontes rolantes do Complexo Henry Borden, voltado à produção de energia elétrica em Cubatão.

Hidrogênio verde
Além de poder ser usado como combustível em substituição a fontes poluentes como gasolina e diesel, o hidrogênio verde também pode ser usado como um insumo na fabricação de produtos. Ele está presente, por exemplo, no processo de produção da amônia verde, usada na fabricação de fertilizantes.

“Descarbonização” acelerada
Segundo Marília Garcez, diretora de Projetos de Investimentos da InvestSP, “a ideia principal é a descarbonização de todo o processo produtivo industrial do estado. Alguns estudos apontam que a produção do hidrogênio pelo etanol captura CO2 da atmosfera, ao invés de contribuir para o efeito estufa”. As apostas para uma economia limpa também passam pelo incentivo ao biometano (gás produzido a partir de materiais biológicos), biomassa (qualquer material orgânico de origem biológica que pode ser utilizado como combustível), etanol de segunda geração (também produzido a partir de resíduos) e outras alternativas verdes para abastecer as cadeias de energia, gás, transportes e indústria.

Frase
“O Estado de São Paulo tem total condições de ser protagonista na transição energética, temos aqui um enorme potencial que nos possibilita avançarmos no etanol, hidrogênio verde, economia circular”, – secretário do Desenvolvimento de SP, Jorge Lima.