Quase a metade de todo o comércio entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos parte de empresas paulistas, desde produtos agrícolas e alimentos até produtos manufaturados como equipamentos médicos de última geração. O embarque de produtos brasileiros para o parceiro comercial alcançou US$ 1,727 bilhão entre janeiro e setembro de 2019, o que representa um crescimento de 17,26% comparado ao mesmo período de 2018. No sentido contrário, as exportações para o Brasil cresceram 117,09% no mesmo intervalo, totalizando US$ 392,77 milhões. Os dados são do Consulado Geral dos Emirados em São Paulo, com base em estatísticas do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Responsável por 32% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o Estado de São Paulo se consolida como a principal conexão brasileira com os Emirados Árabes Unidos.
Escritório em Dubai
Segundo o embaixador brasileiro Kenneth Nóbrega, secretário de negociações bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, existe um imenso potencial de investimentos entre o Brasil e os países árabes, especialmente dentro do programa de parcerias e concessões com o setor privado, que devem exigir aportes de até R$ 1,2 trilhão. Atualmente, o Brasil recebe R$ 5 bilhões dos fundos soberanos, que possuem mais de US$ 1 trilhão em disponibilidade de investimento. Este mês se deu a abertura de um escritório comercial do governo paulista em Dubai. Trata-se do segundo escritório internacional do Estado de São Paulo. O primeiro foi inaugurado em Xangai, na China, maior parceiro comercial do Estado e do Brasil, em agosto de 2019.
Parcerias
“O Estado de São Paulo oferece muito potencial de comércio e investimento em uma ampla gama de setores econômicos, incluindo agricultura, manufatura de alimentos, logística, infraestrutura, parques industriais e comércio”, afirmou João Paulo Paixão, chefe do escritório internacional da Dubai Chamber of Commerce & Industry no Brasil, em entrevista publicada pela agência InvestSP.
Via dupla
Entre os produtos que lideram a lista de exportação dos Emirados Árabes para o Brasil estão, no topo, os derivados de petróleo e combustíveis, responsáveis por 73% da pauta. Em seguida, destacam-se produtos químicos e petroquímicos – voltados para a indústria farmacêutica e de embalagens, por exemplo – e peças e turbinas para aviões. No sentido contrário, de itens made in Brazil embarcados, destacam-se alimentos como carne de frango (25% do total) e bovina (13%), além de derivados de cana-de-açúcar (9,9%) e ouro (8,7%).
Força paulista
Os números da economia paulista explicam a força de São Paulo na relação com o Oriente Médio e o mundo. O Estado concentra, por exemplo, mais da metade da produção das instituições financeiras brasileiras, se destacando principalmente em serviços prestados às empresas (47,91%), serviços de informação (45,43%), além de saúde e educação (33,85%).
Polos de desenvolvimento
Em razão de o Estado de São Paulo ser o principal centro financeiro do país, e com o maior e mais moderno parque industrial, as empresas paulistas são as que despertam o interesse dos investidores e empresários árabes, segundo a InvestSP. A produção agrícola paulista está espalhada por todo o território e o governo estadual tem incentivado o fortalecimento da atividade industrial com o aprimoramento dos polos de desenvolvimento. Como exemplo, o Vale do Paraíba concentra indústrias que fabricam veículos, como a General Motors e Volkswagen, e aeronaves, além de produzir alta tecnologia, eletroeletrônicos, têxtil e química. Já a região de Campinas centraliza grande parte das indústrias voltadas a automóveis, tecnologia da informação e petroquímicas, enquanto a região metropolitana da capital abriga atividade econômica diversificada.
Agronegócio
O agronegócio paulista é um dos pilares do desenvolvimento do Estado e do país. Entre as principais culturas estão cana-de-açúcar, laranja, milho, soja, banana, tomate, mandioca, batata, feijão, algodão e café. A solidez da economia paulista também está ancorada em sua tradição. As maiores indústrias de São Paulo começaram a surgir logo depois de 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, que resultou na crise cafeeira. Desde então, São Paulo supera com grande vantagem a produção de outros importantes parques industriais nacionais, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Um país chamado São Paulo
Com 45 milhões de habitantes e PIB de US$ 647 bilhões, a economia paulista é comparável à da Argentina, sendo também o melhor lugar para se investir na América Latina. O Estado de São Paulo é um dos mais importantes centros de desenvolvimento do hemisfério Sul e abriga 21% da população do Brasil. Sua população é maior que a da Austrália e do Canadá. Com 248,2 mil km2, o Estado de São Paulo supera o tamanho do Reino Unido.