Contexto Paulista: Bactérias em painéis solares podem ter uso industrial, diz pesquisa paulista

Wilson Marini – Rede APJ

wilson.marini@gmail.com

Esta coluna é publicada pelos grupos de comunicação da Associação Paulista de Portais e Jornais (APJ), rede formada por 16 líderes de prestígio regional com circulação no Estado de São Paulo

Painéis fotovoltaicos instalados em Sorocaba e Itatiba serviram para uma experiência científica internacional patrocinada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Partindo do princípio de que só os organismos mais adaptados podem sobreviver a um ambiente exposto diariamente ao sol e às variações de temperatura que ocorrem ao longo do dia, os pesquisadores encontraram um conjunto de bactérias e uma levedura adaptadas a essas condições em painéis que transformam a energia solar em elétrica instalados nessas cidades do Interior Paulista. Por suas características, os microorganismos encontrados têm grande potencial para o desenvolvimento de produtos que possam ficar expostos por longos períodos à radiação solar, como protetores solares, pigmentos para as indústrias de alimentos, química, têxtil, farmacêutica e cosmética, além de detergentes mais eficientes para a limpeza dos próprios painéis, com ação antimicrobiana. O estudo foi publicado na revista Microbiology Letters, da Federação das Sociedades Europeias de Microbiologia, e foi escolhido pelos editores do periódico como um dos destaques da edição.

Melhoria na captação solar

Para coletar as amostras, os pesquisadores passaram um tecido de algodão embebido em uma solução estéril sobre os módulos fotovoltaicos. O material foi então acondicionado e levado para o Laboratório de Microbiologia Aplicada da UFSCar, em São Carlos, onde teve o DNA extraído. Entender como funciona a comunidade de microrganismos dos painéis fotovoltaicos pode ajudar até mesmo a manter a eficiência desses equipamentos ao longo do tempo. No Brasil, estudos já mostraram que a poeira acumulada nas placas pode reduzir a captação de energia em 11% após 18 meses da instalação. Em desertos, a redução pode chegar a 39%, passando de 50% quando há eventos extremos, como tempestades de areia, por exemplo.

Meio ambiente

Essas moléculas são consideradas versáteis quanto a suas aplicações, uma vez que possuem características tensoativas, ou seja, reduzem a tensão superficial da água e, assim, ajudam a misturar água e substâncias insolúveis. Além disso, podem ser empregadas como antimicrobianos, antitumorais e em biorremediação, como é chamado o uso de processos biológicos para degradar, transformar ou remover contaminantes do ambiente.

Limpeza mais eficiente

“A remoção de biofilmes é um problema difícil de ser resolvido em muitas atividades econômicas. Assim, o estudo é fundamental para o desenvolvimento de novas estratégias de gerenciamento desses painéis. Pesquisas futuras com a levedura produtora de biodetergente podem oferecer uma alternativa na formulação de produtos de limpeza mais eficazes para esses e outros equipamentos”, afirma Iolanda Duarte, professora do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Humanas e Biológicas da UFSCar e coordenadora do estudo.

Avanço na medicina

Considerada uma das 17 doenças tropicais negligenciadas (DTNs) no mundo, a esquistossomose ainda é um importante problema de saúde pública no Brasil. No entanto, o único medicamento usado no tratamento foi descoberto há mais de 40 anos. Pesquisa publicada nesta terça-feira (26/10) na revista Nature Communications mostra um caminho para o desenvolvimento de novas terapias e até mesmo de uma vacina contra essa parasitose.

Queijos artesanais

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (27/10) projeto de lei que traz novas normas para comercialização e produção de produtos artesanais alimentícios, como os queijos, linguiças, pães e bolos. A medida desburocratiza a produção e comercialização de queijos artesanais e irá permitir a regularização de produtores. O texto seguirá para sanção do governador, que terá 15 dias para análise e manifestação.

Pelo telefone, não

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou também projeto que proíbe bancos e financeiras de fazerem contrato de empréstimos com aposentados e pensionistas por telefone. Se for sancionado pelo governador, a medida passará a valer no Estado. O projeto é de autoria do deputado Alex de Madureira (PSD). “Isso é algo que está acontecendo muito e recebemos muitas reclamações, não apenas dos aposentados e pensionistas, mas principalmente dos familiares que cuidam deles. Esperamos que essa prática acabe após a sanção”, diz o deputado.

Fim da meia-entrada

Outro projeto com reflexo na área econômica, que também depende de sanção do governador, estende o benefício da meia-entrada a todas as pessoas entre zero e 99 anos. A proposta é de autoria do deputado Arthur do Val (Patriota). Com isso, o deputado espera que o mercado tenha mais liberdade e que o setor de shows, festas e eventos consigam se recompor após o prejuízo da pandemia. A ideia, na verdade, é acabar com a meia-entrada. “Hoje, o estudante rico paga metade, enquanto a empregada, o pedreiro e o lixeiro pagam o valor inteiro. Na prática, se todos têm, ninguém tem”, diz ele.