Contexto Paulista: Avança o projeto de criação de distritos de inovação em São Paulo

Wilson Marini – Rede APJ

wilson.marini@gmail.com

Esta coluna é publicada pelos grupos de comunicação da Associação Paulista de Portais e Jornais (APJ), rede formada por 16 líderes de prestígio regional com circulação no Estado de São Paulo

Pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) anunciaram a conclusão da primeira etapa de um estudo técnico para viabilização no Estado de São Paulo de dois distritos de inovação. São áreas planejadas no entorno de universidades e instituições de pesquisa que reúnem empresas intensivas em tecnologia, incubadoras e aceleradoras de startups, com o objetivo de favorecer o surgimento de soluções inovadoras. Os distritos são tendência mundial e representam uma evolução dos ambientes de inovação – como parques tecnológicos, incubadoras e aceleradoras – e arranjos geográficos como o Vale do Silício, nos EUA. Umas das razões pelas quais têm sido criados em larga escala é que são estratégicos não só para acelerar a inovação como também para redesenhar as cidades, reconstruindo espaços urbanos de modo que possam ser melhores e mais atrativos para pessoas talentosas e novas empresas emergentes intensivas em tecnologia, segundo apontaram especialistas participantes do evento recente sobre o tema.

Em Campinas

Um distrito de inovação deverá ocupar a Fazenda Argentina numa área de 1,4 milhão de metros quadrados adquirida em 2014 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e contígua à instituição.

Na capital

O estudo analisou também a área onde hoje está instalada a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Vila Leopoldina, na capital, e que se estende por outras áreas localizadas ao longo do rio Pinheiros e próximas da Universidade de São Paulo (USP) e dos institutos Butantan, de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e de Pesquisas Nucleares (Ipen). Na mesma região, será implantada a quarta etapa do Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (CITI), cujo projeto tem como foco incentivar o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias de alta intensidade (hardtechs).

Perfil

Juntas, as duas áreas concentram importantes universidades e instituições de pesquisa, ciência e tecnologia do país, além de grandes empresas de diversos setores. Os estudos indicaram que os dois distritos de inovação têm potencial para estimular uma nova dinâmica regional voltada à produção e aplicação de conhecimento na produção de bens e serviços. Além disso, podem vir a ser indutores de um processo de reorganização e de adensamento do ecossistema de inovação paulista, bem como de desenvolvimento da economia local e regional, de forma inclusiva do ponto de vista social e com ganhos na requalificação sustentável de espaços públicos.

Potencial em outras regiões

No Estado de São Paulo, além da capital paulista e de Campinas, cidades como São Carlos, Ribeirão Preto e São José dos Campos têm potencial para desenvolver um distrito inovador, segundo especialistas. “São José dos Campos é uma candidata natural para ter um distrito de inovação, pois tem um histórico de atração e inserção global de indústrias intensivas em tecnologia em razão do setor aeroespacial”, diz César Augusto Vieira de Mello, um dos articuladores da construção do Parque Tecnológico da cidade.

Frase

“Essas duas áreas públicas no Estado de São Paulo têm condições especiais para a construção de distritos de inovação, que são espaços físicos catalisadores de iniciativas transformadoras que exigem conexões com empreendedores, pesquisadores e investidores para estimular a produção e inserção de tecnologias inovadoras no mercado e criar uma base sólida para o surgimento de novas empresas e empregos”, diz Andrea Calabi, coordenador da equipe técnica responsável pelo estudo.

Frase (2)

“A construção desses distritos de inovação representa oportunidades fundamentais para São Paulo dos pontos de vista de aumento da competividade e criação de novas empresas e empregos qualificados”, avalia Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp.  

Frase (3)

“Os distritos de inovação correspondem a um novo modelo urbanístico, relacionado com a atual revolução tecnológica que vivemos, que requer um novo modelo de cidade, mais sustentável, com um novo modelo de mobilidade e mescla de uso dos espaços, onde as pessoas possam interagir e onde possam ser geradas inovações a partir dessas relações”, afirma Miquel Barceló, que presidiu o 22@Barcelona, na Espanha.

Pelo mundo

Levantamento do Instituto Global de Distritos de Inovação (GIID, na sigla em inglês) indicou que há mais de cem distritos de inovação distribuídos pelo mundo. Entre eles estão o 22@ Barcelona, o Ruta N, em Medellín, na Colômbia, o Distrito Tecnológico de Buenos Aires, na Argentina, o Porto Digital no Recife, em Pernambuco, e o MaRS, em Toronto, no Canadá. “Cada um desses distritos reflete o contexto e as condições locais. E a razão para o sucesso deles é terem um bom modelo de governança, de liderança e financiamento”, diz Julie Wagner, diretora do GIID.

Estratégia urbana

Segundo Tim Moonen, pesquisador da Universidade de Bristol (Reino Unido, é preciso apoiar as cidades, de diferentes maneiras, para ajudá-las a terem distritos de inovação bem-sucedidos.